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Casa mantida com financiamento coletivo acolhe LGBTs em SP

Um sobrado no bairro da Bela Vista, na região central de São Paulo, funciona desde o início do ano como lar acolhedor para a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) expulsa de casa e em situação de rua. O casarão, cujo aluguel é bancado por um financiamento coletivo de 1,2 mil pessoas, tem capacidade de abrigar até 20 moradores. Hoje, está com seis “hóspedes” que poderão ficar por cerca de três meses, até conseguirem restruturar a vida.

“A  gente  queria  colocar  o  projeto em pé da forma que acredita, de uma forma colaborativa”, disse o idealizador do projeto, Iran Giusti, que arrecadou R$ 112, mil pela internet. “Queremos entender como é viável fazer esse atendimento individual em maior escala e, principalmente, como organizar uma casa em um espaço que seja autossustentável e possa ser replicado em outras cidades, em outros bairros, estados.”

Segundo Giusti, o projeto hoje caminha para ser totalmente autossustentável. A manutenção do imóvel e a limpeza são de responsabilidade dos moradores. Por enquanto, Giusti paga do próprio bolso, e com doações, a alimentação dos hóspedes, as contas da casa e os produtos de higiene.

“A ideia é ter financiamento recorrente e recursos que venham da programação da casa, como festas, eventos, feiras e cursos que serão oferecidos no local”. Na parte térrea do sobrado, existem espaços para exposições e uma sala com biblioteca. “Além disso, vamos começar a dialogar com as secretarias públicas, municipais e estaduais e também com a iniciativa privada”, disse Iran.

Para se hospedar no casarão é necessário ter mais de 18 anos e ter sido expulso de casa. A seleção é feita pelo próprio idealizador do projeto. “A gente avalia até onde consegue auxiliar. Se tem alguém que tem alguma necessidade de acompanhamento médico mais incisivo ou de proteção, em situação de risco, aí a gente encaminha para os órgãos competentes que conseguem auxiliar essas pessoas.”

Há menos de uma semana no sobrado, Marcel Borges, de 26 anos, é o mais velho dos hóspedes. Ele teve de sair de casa após uma discussão. “Estou em processo de transição de gênero e, quando isso acontece, a família acaba entrando em transição também. E muita gente não sabe como lidar com isso, quando acontece”, disse. “Eu não conseguia mais ficar com minha família, precisava dessa distância, porque estava sendo muito agressivo para mim, psicologicamente. Aqui a gente se sente como em uma família, com reconhecimento e sabendo o que o outro está passando.”

 

da Agência Brasil