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Prêmio destaca melhores práticas para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho em Minas Gerais

Foto: Divulgação/Verdemar

Foto: Divulgação/Verdemar

Edson Moreira, 33 anos, trabalha como repositor de mercearia. Ele encara uma jornada de oito horas de trabalho diárias, nas quais repõe itens nas prateleiras, confere datas de validade, limpa produtos, busca itens no depósito, entre outras tarefas. Há sete anos, Edson tem essa rotina, que é a mesma dos colegas de setor e de muitos outros trabalhadores em todo o país. Com uma diferença: ele não tem o antebraço esquerdo. “Muita gente pensa que isso atrapalha o meu trabalho, mas desempenho tudo normalmente, com o mesmo rendimento”, conta.

Edson é uma das aproximadamente 35 mil pessoas com deficiência (PCDs) empregadas em Minas Gerais, segundo dados de 2016 da Relação Anual de Informações Anuais (RAIS) do Ministério do Trabalho. Há, no entanto, um saldo de 26.578 vagas que deveriam ser preenchidas por PCDs no estado, de acordo com o que determina a Lei nº 8.213/1991, conhecida como Lei de Cotas.

Segundo a legislação, empresas com mais de 100 empregados são obrigadas a preencher entre 2 a 5% de seus quadros de empregados com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência.

Atualmente, existem cerca de 180 vagas abertas nas unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em Minas Gerais. Entre os cargos disponíveis estão advogado, assistente de farmácia, assistente jurídico, cozinheiro, operador de caixa, técnico de enfermagem e outros.

“Graças a Deus, sempre corri atrás e consegui emprego. Mas quando comecei a trabalhar foi muito difícil. Grande parte das empresas não estava disposta a se adaptar a um funcionário. Hoje, percebo que elas já se conscientizaram e o cenário melhorou muito”, afirma Edson, que sempre esteve ativo no mercado de trabalho. “No meu trabalho, a empresa é toda adequada, é tudo maravilhoso”, completa.

Justamente para mapear, valorizar e divulgar as boas práticas realizadas pelas empresas mineiras na inclusão destes trabalhadores é que o Governo de Minas Gerais lançou o Prêmio Empresa Inclusiva, que está com inscrições abertas até o dia 5 de abril. O edital foi publicado no dia 19 de fevereiro no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais.

A iniciativa da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), além de estimular boas práticas realizadas pelas empresas e seus gestores na inclusão de trabalhadores com deficiência, também objetiva estimular a criação de rede de gestores (privados e públicos) com vistas à melhoria dos processos de gestão, implementação e monitoramento da inclusão de pessoas com deficiência.

O prêmio possui três categorias: Empreendedor Individual com Deficiência; Pequenas e Médias Empresas, que abarca as empresas com até 99 funcionários; Grandes Empresas, que possuam 100 ou mais funcionários.

Poderão ser premiadas até duas práticas, projetos e políticas por empresa. As cinco melhores classificadas em cada categoria terão seu relato publicado e as três práticas premiadas serão apresentadas em evento público promovido pela Sedese, no qual ocorrerá a entrega dos certificados e premiações.

A divulgação do resultado ocorrerá no dia 20 de junho no site na Sedese, dia em que também será realizada a premiação.

Bom exemplo

Hoje, o Edson Moreira trabalha na rede de supermercados Verdemar, que tem mais de 160 PCDs distribuídos nas suas 13 unidades em Belo Horizonte. Segundo o superintendente de Recursos Humanos da rede, Leandro Pinho, a busca por profissionais é constante.

“Desde a seleção do PCD identificamos suas potencialidades e adaptamos as atividades às suas deficiências. E, no local de trabalho, o líder, capacitado para trabalhar com as diferenças, vai habilitar o funcionário, adequando o trabalho a ele e não o contrário”, explica o superintendente.

Em iniciativa pioneira no estado, a rede de supermercados também inclui pessoas com transtornos mentais (PTMs), e, para tanto, as lideranças foram capacitadas.

“Estes profissionais apresentam quadros clínicos psiquiátricos, como esquizofrenia e bipolaridade, e são pessoas com potenciais gigantescos que viviam estigmatizadas socialmente, excluídas do mercado de trabalho e, muitas vezes, de vários outros contextos sociais. O trabalho, tanto para os PCDs quanto para os PTMs, é direcionado de forma gradativa, respeitando o tempo de aprendizado e as limitações de cada um”, reforça Pinho.

Os funcionários são apadrinhados por uma pessoa do setor, que assume a responsabilidade de conduzi-los nas tarefas, na ambientação e na socialização dentro da empresa. Já são 46 pessoas com transtornos mentais contratadas.

“Ao trabalhar com estes profissionais, a empresa rompe barreiras culturais e exerce sua cidadania. Todos nós temos limitações, mas isso não nos torna incapazes”, conclui Pinho. Com a iniciativa, o Verdemar se inscreveu na 1ª edição do Prêmio Empresa Inclusiva.

Mercado de trabalho

A secretária de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, Rosilene Rocha, reforça que há uma dificuldade crônica em todo o país, que é o fato de os PCDs quererem trabalhar, mas, muitas vezes, a empresa não se adaptar a eles.

“O PCD precisa de uma sensibilização do ambiente de trabalho, e muitas empresas põem ele para trabalhar e não fazem isso. Às vezes, até para o PCD se capacitar ele encontra dificuldade, porque o prédio não está adaptado para ele entrar, para fazer a aula”, diz a secretária.

“Mas, não é necessária só uma adequação física – que é fundamental -, mas também uma adequação do ambiente, de forma que as pessoas se sintam bem, acolhidas, tenham possibilidade de desenvolver toda a sua capacidade, porque elas têm muita capacidade e muita vontade de trabalhar”, completa Rosilene Rocha.

Formado em segurança do trabalho, Valério Ferreira, 37 anos, tem deficiência locomotora. “Não é só contratar, a empresa tem que se preparar para lidar com o trabalhador que tem alguma limitação. E é muito importante que o PCD se capacite. Precisamos correr atrás, e o próprio mercado deveria facilitar essa formação”, defende.

Valério está há um ano na Carbel, onde trabalha com outros PCDs. “Todos são ótimos profissionais. Tem sido muito gratificante. A empresa valoriza os profissionais que ela tem, de forma geral, e trabalho com pessoas que me respeitam, mesmo sendo PCD”, comemora.

Serviço

Para se candidatar a uma vaga de emprego, em qualquer época do ano, é importante que os interessados compareçam aos postos Sine e UAIs com os seguintes documentos: carteira de trabalho, carteira de identidade, CPF, número do PIS e comprovante de endereço. A apresentação desses documentos é fundamental para realização do cadastro completo do trabalhador. Clique aqui para localizar o Sine mais perto de você.

Mais informações sobre o Prêmio Empresa Inclusiva:
secretariapremio@social.mg.gov.br / (31) 3916-9122