Em São Paulo, integrantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e do Movimento Nacional da População em Situação de Rua reuniram-se para celebrar o Natal em companhia da presidenta da República, Dilma Rousseff. Este ano, a maior reivindicação foi com relação à segurança dos catadores e moradores de rua, que têm sofrido com a violência urbana.
O coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, Anderson Lopes Miranda, participa do grupo há 22 anos. Ele explica que há dez anos não está mais nas ruas, mas continua defendendo essa população. Miranda enfatizou que o maior desejo dessas pessoas é que a violência nas ruas seja contida. “Queremos que o governo capacite as polícias para cuidar da questão”.
Miranda destacou que essa população quer participar do país e que não é contra os grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “Mas não concordamos com a forma como a Copa vem sendo imposta, tirando a população pobre e jogando, excluindo, matando”.
A presidenta da Cooperativa de Catadores e Recicladores de Alagoinhas, na Bahia, Rosa Meire Nere de Queiroz, viajou para participar do evento e reivindicar direitos para os catadores nas cidades do interior. Ela reclamou que as próprias autoridades querem convencer que a incineração do material reciclável, tal qual está previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, é adequada. “Mas eu sei que não é, porque vai tirar o pão da nossa mesa. Nós vamos viver de quê, sendo que hoje podemos tirar o sustento do nosso trabalho?”, questionou.
De acordo com Rosa, a incineração afeta o trabalho da reciclagem e contraria o que os catadores defendem. “Nós defendemos a responsabilidade social e ambiental com nosso trabalho. Defendemos os aterros sanitários, porque todos o material produzido pelas indústrias nós não levamos para o lixão, mas devolvemos para as indústrias”.
Durante a festa, Dilma assumiu o compromisso de se empenhar no combate à violência contra a população moradora de rua e os catadores de material reciclável e disse ser inadmissível que essas pessoas continuem sofrendo atentados e sendo mortas nas ruas do país. Ela disse ainda que o governo continuará apoiando as cooperativas de catadores de material reciclável.
De acordo com o MNCR, entre 300 mil e 1 milhão de pessoas vivem no país diretamente do recolhimento de materiais destinados à reciclagem.
Agência Brasil