Os anos afastados do mar, onde há mais de 20 anos salvava vidas, foram deixados para trás por um bombeiro aposentado. Com o auxílio do programa Praia Acessível, ele foi levado a saborear o balanço das ondas na cadeira anfíbia acompanhado por uma equipe treinada para esse atendimento. A história deste bombeiro é apenas uma das que emocionaram os atendentes do programa durante os dois meses do Verão Paraná.
O Praia Acessível, coordenado pela Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social, em parceria com a Sanepar, esteve presente em quatro importantes balneários, com 10 pontos de atendimento, desde o dia 23 de dezembro.
No domingo (18), o programa saiu das areias de Matinhos, Pontal do Paraná e Guaratuba, no Litoral, e de Santa Helena, no Lago de Itaipu. Foram mais de 1 mil atendimentos para cerca de 400 pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
SAUDADES – Edi Maiki Assahida optou por trabalhar na temporada ajudando pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida a entrar na água, em Guaratuba. “Tenho um sobrinho com deficiência e quis fazer parte deste trabalho”, disse. Foi ele um dos educadores que atendeu o bombeiro aposentado. “Ele levou um tiro nas costas, quando ajudava um amigo, e ficou paraplégico. Comentava que salvou muita gente nesta praia”, relatou.
A mesma história fez os olhos de Wellington Soares se encherem de lágrimas. Apesar de não participar diretamente do Praia Acessível, fez parte da Verão Paraná e por vezes acompanhou o banho de mar. “Fazia 20 anos que o bombeiro não entrava na água. Dava para sentir a felicidade dele e a saudades que ele sentia do mar”, comentou.
FAMÍLIA – Para Carlos Roberto Caudura, que fazia dupla com Edi, a maior emoção foi levar a mãe, cadeirante, para tomar o primeiro banho de mar depois de 30 anos. “Tive a oportunidade de trazê-la à praia. Minha mãe achou maravilhoso, ficamos os dois muito felizes”, afirmou Carlos.
O cuidado a pessoas com deficiência faz parte da vida de Max Vinícius Krebs. Sua mãe trabalha na Apae de Guaratuba, mas faltava a ele a experiência do contato direto com pessoas com essas condições. Ele levou uma idosa, com baixa mobilidade, até as primeiras ondas. “Fazia mais de 16 anos que ela não entrava no mar. Ela chorou e eu chorei”, diz.
GRATIFICANTE – Os educadores que participaram do programa afirmavam que a experiência foi gratificante. Os pontos do Praia Acessível estavam instalados próximos ao projeto Chuá, da Sanepar. Muitos que atendiam neste projeto faziam questão de ajudar os colegas que lidavam com a cadeira anfíbia.
Jessica Rutese Kelly Cristina Rodrigues participaram da emoção de auxiliar quem tem dificuldade de se locomover. “Nós, meninas, conversamos mais e o usuário tem vontade de se abrir mais com a gente”, avaliou Jéssica. Ela lembrava do rapaz de 18 anos, que parou de andar com 10. “Foi muito emocionante. Uma lição de vida”.
Kelly conta que muitos educadores conquistaram a confiança das pessoas que passaram a frequentar vários dias o programa Praia Acessível. “Muitas vezes a gente riu, muitas vezes a gente chorou. Foi uma experiência de vida que vou lembrar para sempre”, afirmou a garota.
PROGRAMA – O Praia Acessível foi lançado como projeto-piloto na temporada 2016-2017, com apenas três pontos de atendimento. Neste verão, foram dez cadeiras com equipes treinadas, dispostas nas praias e em Santa Helena, no oeste do Estado.
“Ampliamos o serviço aos balneários mais procurados por turistas. Esta é uma forma de garantir o direito ao lazer e à inclusão social da pessoa com deficiência”, afirma Flavia Cordeiro, coordenadora da Política da Pessoa com deficiência.
Todos os participantes receberam treinamento para auxiliar o usuário do serviço. O cuidado era desde a transposição para cadeira anfíbia, o deslocamento até a água e o banho nas ondas rasas.
da Ascom/Secretaria da Família e Desenvolvimento Social