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Centro POP do DF concretiza luta da população em situação de rua

“O Centro POP é a concretização de uma luta dos movimentos representativos da população de rua e dos agentes de assistência social, que sempre batalharam pelo reconhecimento dos direitos dessa população ainda tão segregada.” Com essas palavras, a ministra Tereza Campello, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), saudou a inauguração do primeiro Centro POP do Distrito Federal, unidade destinada a prestar apoio à população em situação de rua, na última sexta-feira (6).

“O governo do Distrito Federal tem sido um parceiro primordial do MDS na implantação das ações do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e na expansão de seus equipamentos”, lembrou a ministra.

A inauguração foi na manhã desta sexta-feira (6). O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) fica na quadra 903 Sul, área nobre de Brasília.

Vai funcionar de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com capacidade para atender cerca de 150 pessoas por dia. Ao todo, são cerca de 30 funcionários, entre educadores, agentes sociais, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Eles oferecerão atendimento ambulatorial e estrutura para atividades educativas voltadas ao fortalecimento comunitário e social.

O local também propicia à população de rua alimentação diária, com café da manhã, almoço e lanche da tarde. Além disso, os usuários podem tomar banho e cuidar da higiene pessoal e têm espaço para armazenar seus pertences.
A coordenadora do Centro POP de Brasília, Meire Lia Lima, explica que, apesar do ser um local comunitário, o atendimento é individualizado, reforçando a importância do cidadão. “Temos um trabalho focado no plano individual de acompanhamento, de acordo com a realidade de cada atendido. Cada um é um sujeito de direito e conhecimento, por isso merece um local digno.”

Instituídos em 2009, os Centros de Referência Especializados para a População em Situação de Rua são unidades públicas de referência e atendimento especializado à população adulta nessa condição, por intermédio do Suas. Em todo o país, já existem 91 unidades desse tipo, em 21 unidades da federação. Até 2014, a previsão é que sejam construídos outros cinco Centros POP em diferentes localidades do Distrito Federal.

Ao lado de Tereza Campello, estavam presentes o governador do DF, Agnelo Queiroz, a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, o secretário de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do DF, Daniel Seidel, entre outras autoridades.

Superação – Aos 52 anos, Jorge de Oliveira é um exemplo de superação conquistada com apoio dos equipamentos da assistência social. Nascido no Rio de Janeiro, envolveu-se precocemente com as drogas, motivo pelo qual foi afastado pela família. “Aos 9 anos já era viciado em cola de sapateiro e maconha. Antes dos 14 já bebia e usava cocaína. Fui parar em beira de estrada, onde pedia esmolas. De carona em carona, cheguei a Brasília”, lembra.

Até o fim de 2011, o senhor de aparência frágil andava nas ruas de Planaltina pedindo dinheiro para comprar crack e álcool, até que foi encontrado por uma assistente social.

“Com ela minha vida mudou. Fui para o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), onde aprendi a fazer artesanato, consegui uma vaga num abrigo e fiz minha inscrição no Bolsa Família. Com a ajuda da assistência social, me livrei do álcool e das drogas e estou terminando de construir uma casa para mim. Agora quero ajudar os colegas que ainda moram na rua. Lugares como esse são essenciais para que essa população tenha onde comer, tomar banho, guardar seus pertences e obter uma orientação sobre seus direitos.”

Animado com a inauguração do Centro POP, Jorge conclui: “Só não estou sorrindo mais porque ainda me faltam os dentes. Todo mês guardo uns trocadinhos do Bolsa Família e em breve vocês vão me ver gargalhando por aqui.”

Ascom/MDS