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Pronatec forma 290 profissionais em Porto Alegre

Andreza não consegue esconder a ansiedade. Seu Francisco ajeita o terno e se prepara para o discurso. Cleuza está realizando um sonho. O que essas três pessoas têm em comum? Em poucos minutos, elas vão receber o certificado de conclusão de cursos de capacitação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), realizado pelo SENAC Comunidade Centro de Porto Alegre.

Passadas 180 horas de aulas teóricas e práticas, Francisco Da Cruz, 56 anos, Andreza Leite, 34, Cleuza Maria de Almeida, 42, e mais 290 alunos receberam o tão aguardado diploma de qualificação profissional nas áreas de auxiliar administrativo, camareira em hospedagens, manicure e pedicure e cabeleireiro. “Esse curso vai abrir o mercado para mim”, comemora Cleuza, que no momento está em busca de emprego. “É a oportunidade da gente se qualificar. Mas eu acho que o Pronatec não se resume a levar apenas conhecimento às pessoas, ele nos dá a capacidade de exercer uma profissão com categoria”, afirma a agora cabeleireira.

Atualmente, Cleuza vive de bicos na capital gaúcha. Solteira, mãe de Gustavo, de 13 anos, recebe R$ 32 por mês do Bolsa Família desde 2011. “O Bolsa Família ajuda muito no fim do mês. E o bom do programa é que ele abre portas para outros benefícios, como Minha Casa, Minha Vida e descontos de luz e gás. Mas meu sonho, com o Pronatec, é abrir um salão de beleza e quem sabe até contratar mais pessoas pra trabalhar comigo”, conta, com um sorriso no rosto e brilho nos olhos.

E foi graças ao Bolsa Família que Andreza Leite encontrou o Pronatec. “Fui fazer o recadastramento do programa e vi um panfleto com a divulgação do curso. E, como eu tinha o sonho de me qualificar, me inscrevi”, diz. Andreza trabalhava num salão de beleza, mas perdeu o emprego. Mãe de três filhos, atualmente vive de pensão alimentícia e do Bolsa Família. “Ajuda a garantir as coisas para os filhos. Eu compro comida, remédio, roupa, o que muitas vezes faltava sem o benefício”.

O aposentado Francisco da Cruz foi escolhido como orador para a cerimônia de formatura pela turma de capacitação em auxiliar administrativo. “Eu era o vovô da turma”, brinca. Aposentado por tempo de trabalho, a vida inteira Francisco exerceu a função de auxiliar administrativo. “Estou aposentado há um ano, mas quero voltar ao mercado de trabalho. E o curso me ajudou muito, pois, ao contrário de muitos colegas, eu fui direto para a prática e agora estou vendo a teoria, e temos que acompanhar as mudanças do mercado. Hoje posso dizer que tenho conhecimento teórico com o curso do Pronatec”, afirma. “O Senac já me passou o contato de 42 empresas pra que eu envie meu currículo”.

Acompanhamento – A unidade do Senac Comunidade Centro, além de qualificar profissionalmente com o Pronatec e indicar vagas de emprego, realiza o monitoramento dos alunos após a formatura. “Existe toda a preocupação da escola em saber o que aconteceu com aluno depois que ele saiu dos cursos. A gente quer formar e entregar ao mercado e não simplesmente formar e soltá-los ao mercado sem acompanhamento”, afirma a líder de Processos Pedagógicos da unidade, Márcia Maria Brackman. “Começamos a aplicar essas pesquisas primeiramente nos cursos do programa Senac Gratuidade. E agora faremos com essa turma, a primeira que formamos do Pronatec”.

De acordo com a diretora do Senac Comunidade Centro de Porto Alegre, Cecília Herynkopf, de 30 a 60 dias após a entrega do certificado de conclusão de curso para o aluno, o Senac entra em contato com cada um deles para ver se conseguiram uma vaga no mercado de trabalho. “Ligamos para ver se estão trabalhando. Senão estiverem, queremos saber quais os motivos, as dificuldades encontradas no mercado. Assim a gente pode aperfeiçoar e rever os nossos processos, adequando às necessidades do mercado e dos próprios alunos”, explica.

Oportunidade – Durante o evento de formatura, o secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul, Luiz Augusto Lara, disse que atualmente a demanda por mão de obra qualificada na região metropolitana de Porto Alegre é grande. “São 30 mil vagas de trabalho à disposição, esperando as pessoas qualificadas, como esses alunos que acabaram de se formar”.

Já o diretor de Inclusão Produtiva Urbana do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Luiz Müller, lembrou que, no Brasil, todas as empresas são obrigadas a contratar jovens aprendizes. “De preferência, de 14 até 18 anos. Mas, até 24 anos, as empresas têm por obrigação contratar de 5% a 10% do número de seus trabalhadores como aprendizes”.

Müller destacou que, nos últimos nove anos, o governo brasileiro retirou da pobreza mais de 30 milhões de pessoas por meio de programas como o Bolsa Família. E vem investindo cada vez mais em políticas sociais para retirar da pobreza os 16 milhões que ainda restam. “Não adianta querer crescer sem ter um olhar para todos. O crescimento só é bom com a participação de todas as classes, sem privilegiar os ricos. Por isso a presidenta Dilma criou o plano Brasil Sem Miséria, pra gente tirar da extrema pobreza as pessoas que ainda estão na miséria”.

Ascom/MDS