Um estudo realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), em conjunto com a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (SEJUF), revelou dados importantes a respeito da realidade enfrentada pelos profissionais que atuam na linha de frente do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em tempos de pandemia.
Aplicada entre os dias 10 e 30 de junho, a pesquisa, de caráter exploratório, pretendia alcançar aproximadamente 10% dos trabalhadores do SUAS. Segundo estimativas do Censo SUAS de 2018 e 2019, o sistema conta com 26.385 agentes no estado. Foram obtidos 2.393 formulários válidos, correspondentes a 345 municípios paranaenses, 86,5% do total.
O objetivo dessa investigação, em linhas gerais, foi oferecer aos trabalhadores soluções mais satisfatórias à situação imposta pelo coronavírus e suas consequências econômicas. Esses profissionais têm atuado nos mais diversos contextos para atenuar os efeitos negativos da pandemia, que acabam sendo ainda mais violentos para a população mais vulnerável.
Ao longo dos últimos meses, diversos estudos abordaram as dificuldades experimentadas diariamente pelos profissionais da saúde que têm atuado na linha de frente do combate à pandemia. Os agentes da Assistência Social acabaram não recebendo a mesma atenção. Eles são pressionados nas duas pontas, tanto pela gestão e coordenação da política pública que integram, como pelos cidadãos, que cobram acesso aos bens públicos.
Louise Ronconi, socióloga e pesquisadora do IPARDES, acompanha de perto esta realidade em seu núcleo familiar, o que a motivou a procurar a SEJUF e propor a pesquisa. “Minha irmã, que mora e trabalha no litoral como psicóloga do CRAS, me ligava e eu escutava suas angústias e incertezas a respeito de como realizar adaptações no trabalho e no atendimento e suporte às pessoas que são usuárias do SUAS”, relatou.
Responsabilidade que tem seu risco
70,4% dos trabalhadores que responderam o formulário alegaram sentir alguma insegurança no desempenho de seu trabalho. Por outro lado, 47,2% dos respondentes consideram seu trabalho muito importante e 46,2% concordam totalmente com a essencialidade da Assistência Social.
“Os trabalhadores da linha de frente do SUAS mediam muitos serviços para garantia a direitos das pessoas e a população confia nessa mediação, porque é a eles que procura. Isso deve ser levado em consideração pelas gestões municipais, estaduais e federal”, destacou Louise.
Para a Chefe do Departamento de Assistência Social da SEJUF, Larissa Marsolik, é necessário adaptar os serviços à nova realidade. “A Assistência é essencial. Entretanto, é importante procedimentar condições, maneiras e processos metodológicos para implementar o SUAS nessa nova roupagem, sem perder a sua essência, os seus eixos estruturantes, as questões de financiamento, de planejamento e manutenção de integração intersetorial e de vínculo como a comunidade”, afirmou.
Recomendações
A organização do estudo propôs, ao final, algumas recomendações de ações que podem auxiliar no atendimento às demandas que foram trazidas à tona. A ideia é que essas propostas sejam lidas e levem a discussões entre a gestão e os profissionais, nos níveis municipal, estadual e federal. A partir dessas reflexões, devem ser encontradas maneiras de criar melhores protocolos, orientações e medidas.
É fundamental, de acordo com a pesquisadora do IPARDES, que as entidades e as gestões se empenhem em absorver com atenção as informações apresentadas pela pesquisa. “Captar sentidos e percepções do momento atual é uma parte pequena do trabalho que agora as pessoas precisam fazer para reconstruir o SUAS com estruturas de proteção social dignas. E isso consiste, em parte, em reduzir a distância entre quem toma as decisões e os servidores que estão desenvolvendo o trabalho na ponta, bem como resgatar uma coordenação real entre níveis de governo e suas instâncias de pactuação e deliberação.”
Em nome do Governo do Estado, Larissa garantiu que as ações futuras da Secretaria estão em sintonia com as orientações finais do estudo. “Nós estamos trabalhando para que as recomendações propostas sejam incluídas no processo de planejamento do nosso departamento, da nossa secretaria para que, de fato, possamos apoiar os trabalhadores, apoiar o SUAS e fortalecer o SUAS nesse sentido.”
Os resultados da pesquisa podem ser acessados clicando aqui.
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