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Fórum aponta a importância das parcerias para atendimento a usuários de drogas

O papel do Estado na política do atendimento dos usuários de drogas deve ser universal, permanente. Ele deve ouvir, cuidar e diminuir o sofrimento das pessoas. A afirmação é do professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Rio de Janeiro, Pedro Daniel Delgado, durante o 1º Fórum Estadual Intersetorial sobre Drogas, realizado no palácio Tiradentes, na última sexta-feira (27).

Promovido pelas Secretarias de Saúde e de Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais, com apoio do Fiocruz, escola de Saúde Pública e  projeto Rede de Articulação Intersetorial,  o evento teve a participação de  200 pessoas. Durante o Fórum, foram discutidas a política sobre droga em Minas Gerais, a importância da prestação do atendimento intersetorial  e a possibilidade de oferta de serviços do Estado.

Delgado citou a importância do programa “De Braços Abertos”, criado pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, estruturado em frentes de trabalho de zeladoria com remuneração, atividades de capacitação, três alimentações diárias e vagas em hotéis da região. “Era um novo olhar sobre o dependente químico, que deixou de ser tratado como um caso de polícia e passou a ser encarado como cidadão, com direitos e capacidade de discernimento. Mas o novo prefeito acabou com o programa”, denuncia.

O professor associado na Universidade de São Paulo, sociólogo e antropólogo Rubens Adorno, também falou sobre a pesquisa que aborda  drogas e  exclusão que o usuário vive hoje no país.  “O Brasil não é pobre, é desigual. O tráfico está bem protegido, ele cria o consumidor, ele mesmo paga o tratamento do viciado”, denuncia. Segundo Adorno, se o Estado assume a pessoa envolvida com a droga, ela vê outras saídas para a sua vida.

Corte de verbas pelo governo federal vai interferir no atendimento

Foto: Omar Freira/Imprensa-MG

Foto: Omar Freira/Imprensa-MG

Denunciando o desmonte social no país, com o corte de 95% dos investimentos na área de assistência social, a subsecretária de Assistência Social da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Simone Albuquerque, afirma que a tarefa de todos é voltar ao começo e reconstruir tudo novamente. “Nós conquistamos e perdemos. Mas não desistimos. Na rede de atenção do Suas (Sistema Único de Assistência Social) é importante ter muita participação do Estado, muita proteção. Não vamos abrir mão disso não”.

Ela lembra que na história do Brasil, a assistência social sempre foi subsidiada. Pessoas com históricos de álcool e droga foram encaminhadas para a saúde, retirando o seu direito de convívio social. “Queremos discutir o cuidado com a participação dos profissionais dos SUS e da Suas”, completa.

Rede intersetorial apresenta avanço em Minas

Em Minas, dos 245 Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que atendem famílias usuárias de drogas, 240 atendem famílias usuárias de drogas. A falta de centros especializados, principalmente, nos município de pequeno porte, dificulta o atendimento das pessoas, mas, ao mesmo tempo, os profissionais têm  conseguindo prestar um bom atendimento. É o que explica a assistente social da prefeitura de Jeceaba, Cibele Vieira, município de cinco mil habitantes, que atende vítimas de violência.

Ela conta que há um crescimento do uso e abuso das drogas na cidade acompanhado de violência “ Para conseguir a droga, o jovem pratica roubo e acaba ficando à margem da sociedade. Não há distinção de classe nesse vício”, explica.

Também em cidades maiores como Janaúba, com uma população em torno de 70 mil, a coordenadora municipal de saúde Mental, Juliana Matoso, conta que mesmo com uma boa rede intersetorial de atendimento, aparecem casos difíceis, mas solucionáveis. Ela conta o caso de um pré-adolescente que chegou  no Cras em 2014 com um quadro de transtorno mental junto com o uso abusivo de drogas. “Hoje ele apresenta um grande avanço devido ao trabalho intersetorial. Ele reduziu o uso das drogas ao ser encaminhado à escola, aos projetos comunitários e teve o acompanhamento da família”, comemora.

 

da Ascom/Social.MG