Quando Judaiane da Silva Freitas, de 28 anos, descobriu o diagnóstico de microcefalia da filha Ayra , causado pelo Zika vírus, sabia que a vida ia mudar para sempre. A dona de casa teve a confirmação da doença apenas após o parto e as dificuldades começaram logo depois. Foi difícil encontrar um lugar que a acolhesse e orientasse sobre como cuidar da criança.
“O começo foi difícil porque não sabia como seria o futuro da minha filha. Sempre fomos a vários lugares para ter o atendimento”, lembra a mãe.
Judaiane e a filha vivem em Salvador (BA) e é o Bolsa Família que ajuda nas despesas da casa. Assim que a Ayra nasceu, ela passou a receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O benefício ajudou na compra de medicamentos, fraldas e comida para a filha. Foi um alívio, uma vez que a mãe não podia trabalhar.
Hoje, Ayra tem 2 anos e frequenta o Centro-Dia de Referência para crianças com deficiência, inaugurado em dezembro de 2017, na capital baiana. Lá ela encontrou o atendimento especial que a pequena tanto precisava. A mãe conta que a menina fica feliz quando reconhece as cuidadoras e que foi importante o acolhimento que teve na unidade.
“Para mim o Centro-Dia é importante e creio que para muitas mães também, que se sentem bem acolhidas. Eu gostei do atendimento das cuidadoras, são muito carinhosas e demonstram ter paciência com os nossos filhos. Para falar a verdade, o Centro-Dia facilitou muito a minha vida”, afirma.
Investimento – Para garantir proteção, orientar, acompanhar e reduzir a vulnerabilidade das vítimas do Zika vírus, o governo federal está construindo Centros-Dias de Referência para crianças com deficiência em todo Brasil. A unidade de Salvador, com atendimento prioritário a crianças de até 6 anos, foi uma das primeiras inauguradas no Brasil.
Junto com a sede que fica em Campina Grande (PB), elas beneficiam cerca de 240 crianças com microcefalia e doenças associadas. Ao todo, o governo federal já repassou R$ 2,4 milhões para a implantação de Centros-Dia em 10 municípios das regiões com mais incidência de vítimas do Zika vírus. Também está prevista a inauguração do Centro-Dia em São Luís (MA), Campo Grande (MS) e uma segunda unidade em Salvador.
Para o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, é graças ao atendimento de qualidade ofertado pelos Centros-Dia que as crianças têm a oportunidade de se desenvolver melhor e com qualidade de vida. Segundo Terra, é nos primeiros mil dias de vida que as crianças bem estimuladas organizam melhor as competências e habilidades.
“Quando se trata de uma criança com lesão neurológica grave, ela diminui a dependência que tem dos cuidados de outras pessoas no futuro. Por isso, estamos criando em várias cidades onde houve o surto maior de Zika vírus, os Centros-Dia. As crianças vão ter um atendimento especial, especialíssimo, para que elas possam se desenvolver melhor”, destaca o ministro.
Em Salvador, 60 crianças são atendidas por dia no Centro-Dia. A equipe profissional conta com assistentes sociais, psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais e cuidadores. Segundo a secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza de Salvador, Tia Eron, depois que o surto da doença passou é preciso dar muita atenção às famílias.
“O mais importante agora é o cuidado e o foco para aquilo que o ministro Osmar Terra chama atenção: o tratamento dessas crianças. Assim, elas terão mais qualidade de vida e as famílias não ficarão com seus vínculos comprometidos”, afirma a secretária.
Saiba mais
O Centro-Dia para crianças com deficiência é uma unidade de oferta do serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência, idosos e suas famílias. O público-alvo são crianças com deficiência, de zero a 6 anos de idade, com microcefalia e outras deficiências e suas famílias. A unidade faz parte dos serviços do Sistema Único de Assistência Social e visa a fortalecer vínculos e ampliar a função protetiva das famílias. |
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da Ascom/MDS