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Programa melhora qualidade de vida e fixa jovens na zona rural

Destinado a agricultores familiares em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 85 por mês, e que estejam incluídos no Cadastro Único do Governo Federal, o Brasil Sem Miséria fornece aos beneficiários o valor de R$ 2,4 mil a fundo perdido para investimento em um projeto produtivo.

É o caso de Geno Oliveira, 23 anos, de Veredinha, que viu no programa uma oportunidade de realizar o sonho de ter uma criação de galinhas caipiras e, assim, garantir renda própria. “Meus pais são doentes, não trabalham mais, e tenho dois irmãos mais novos. A gente sobrevive do que plantamos aqui, mas não temos outra fonte de renda”, explica o jovem.

Com auxílio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), ele conseguiu acesso ao BSM e está construindo, no pequeno terreno onde mora com os pais, um galinheiro. “Pra gente, que tem baixa renda, é um auxílio muito bom. Para ter um salário, eu teria que sair da roça, coisa que não posso fazer porque cuido dos meus pais. Se Deus ajudar, vou tirar uma renda com as galinhas e completar em casa. Foi um bom empurrão pra mim”, conta.

O Brasil Sem Miséria foi uma das iniciativas que passou a fazer parte do programa Novos Encontros, estratégia lançada pelo governador Fernando Pimentel de enfrentamento da pobreza no campo, com investimentos de R$ 1,3 bilhão até 2018 em todos os 17 Territórios de Desenvolvimento do estado.

Os extensionistas da Emater ajudam as famílias a elaborar os projetos para receber os recursos, dão assistência técnica na implantação da atividade e orientações sobre a comercialização. Já os técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda) executam o termo de cooperação e fiscalizam o programa.

Geno já recebeu a primeira parcela do programa – primeiro, a família recebe uma parcela de R$ 1,4 mil e depois o restante do valor (R$ 1 mil) – e comprou o material necessário para a construção do galinheiro. “Hoje tenho sete galinhas, todas com pintinhos, então minha produção vai aumentar logo. Quero comprar mais algumas quando receber a segunda parcela. Está quase pronto, estou fazendo tudo bem feitinho para dar certo”, espera.

Para o superintendente de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), Leonardo Koury, o Brasil Sem Miséria é responsável por garantir a segurança alimentar para muitas famílias no campo. “Muitas pessoas encontram sua vocação rural nestes projetos, e passam a ser protagonistas de suas histórias. O programa gera renda, movimenta a economia local e, principalmente, garante a sustentabilidade das famílias”, afirma.

Além da assistência técnica feita pela Emater-MG, o beneficiário também recebe consultorias e informações sobre higiene sanitária e alimentação saudável. O BSM possibilita, ainda, melhorias nas condições ambientais da propriedade e geração de renda com a comercialização do excedente, nos casos em que a pessoa opta por uma atividade agrícola.

Segundo o coordenador estadual e gestor do programa Brasil Sem Miséria da Emater-MG, Thiago Carvalho, entre 2012 e 2015 já foram atendidas cerca de 8 mil famílias. “O objetivo agora é atender 12 mil famílias até 2018. Já temos metade desta meta, ou seja, seis mil famílias, selecionadas, com os diagnósticos feitos pelos técnicos da Emater e projeto produtivo estruturado. A primeira parcela já foi liberada para 1.200 delas”, ressalta.

Segundo Carvalho, muitas vezes, a falta de oportunidades, de infraestrutura, de acesso à terra e de políticas públicas específicas para essa faixa etária desmotiva os jovens a permanecerem no campo.
“Um programa como o Brasil sem Miséria, que fomenta atividades produtivas rurais, vem justamente ao encontro dos anseios desses jovens, pois proporciona acesso ao conhecimento técnico e a um recurso financeiro para desenvolver uma atividade produtiva de seu interesse, no seu ambiente familiar, com acompanhamento e orientação técnica de uma instituição como a Emater. Isso promove a sucessão rural no estado”, Thiago Carvalho, gestor do programa Brasil
Sem Miséria da Emater-MG

Salão de beleza atende comunidade

Em Capelinha, Sônia Caetano de Andrade, 28 anos, conseguiu, com recursos do Brasil sem Miséria, profissionalizar a atividade que mantinha informalmente em casa, na comunidade rural Ponte Nova. “Eu atendia as clientes no meu quarto, mas elas tinham que vir com o cabelo lavado de casa para eu escovar. Era tudo improvisado”, conta.

Há dois anos, ela tem um pequeno salão, em um cômodo separado da casa. “O pessoal da Emater veio aqui, anotou tudo que eu precisaria para montar o salão, fez o projetinho e graças a Deus eu consegui ser beneficiada”, completa.

Hoje, Sônia tem um espaço com lavatório, cadeira de cabeleireiro, secador, prancha, produtos para cabelo, e ainda oferece, em parceria com colegas, serviço de manicure e pedicure no local. O negócio funciona prioritariamente aos finais de semana, já que, durante a semana, ela trabalha como faxineira na igreja da cidade.

“Eu tinha vontade de ter meu salãozinho, mas nunca achei que ia dar certo. Não tem salão aqui na roça, então tenho clientes fixas e hoje ganho pelo menos o dobro do que eu tirava trabalhando com cabelo. Essa renda extra me ajuda muito a sustentar minha filha, que tem oito anos” Sônia Caetano de Andrade, de
Capelinha

Jovens criam negócio em conjunto

Seis jovens de Francisco Badaró, no Território Médio e Baixo Jequitinhonha, resolveram unir os recursos captados por meio do programa e investir em um negócio conjunto. Tudo começou com o Wellington Passos, de 18 anos, que se formou em Técnicas de Agropecuária na Escola Família Agrícola. “Formei no ano passado e queria trabalhar com agricultura. Procurei a Emater e pensamos juntos em um projeto. Resolvemos investir na apicultura, atividade não muito comum aqui e propícia para o clima da região”, diz.

Juntaram-se a ele a irmã, de 16 anos, e tios, todos jovens. Com a primeira parcela recebida, eles já compraram colmeias e vão adquirir, ainda, centrífuga, mesa e outros equipamentos para a retirada do mel. “Estamos começando agora, mas sou um sonhador. Esperamos colher 500 quilos de mel logo na primeira produção, porque temos colmeias fortes e uma florada muito boa da aroeira”, explica.

No grupo, as tarefas são divididas. Cada jovem hoje tem a incumbência de cuidar de 10 colmeias, e a produção já tem destino garantido: será vendida para uma empresa de beneficiamento de mel na região.

“Sempre falei com minha mãe que queria continuar na roça. Projetos como esse, que disponibilizam pra gente esse recurso, são uma forma de garantir alimentação saudável, conseguir renda no campo e posso continuar no lugar em que nasci. Com esse projeto, realizo meu sonho”  Wellington Passos, de Francisco Baradó

da Ascom/Sedese